domingo, 5 de junho de 2011

RESUMO-O CIRCULO VICIOSO DO PRECONCEITO LINGUÍSTICO DE MARCOS BAGNO


         Neste capítulo do livro “Preconceito lingüístico”,Bagno nos mostra de forma clara e objetiva,uma crítica àqueles que cultuam a norma culta e àqueles que não a domina.


        Primeiro vamos conhecer o que é esse círculo vicioso proposto por Marcos Bagno. Ele é composto por três elementos: a gramática tradicional, os métodos tradicionais de ensino e os livros didáticos. Bagno costuma denominá-los de “Santíssima Trindade” do preconceito lingüístico,segundo ele, com todo respeito aos seus amigos teólogos. A pergunta é: como se forma esse círculo? Então temos a gramática normativa tradicional que inspira a prática de ensino e, por sua vez, provoca o surgimento da indústria do livro didático, cujos autores -fechando esse círculo-recorrem à gramática normativa como fonte de concepções e teorias sobre a língua.

           Essa gramática tradicional continua firme e forte, como podemos verificar nas gramáticas mais recentes. Continua sendo abordada nas escolas, mas a tendência atual, a crítica dos preconceitos e o exercício da tolerância tem tornado o ambiente escolar mais respirável e democrático quanto a isso. O Ministério da Educação tem feito esforços para provocar uma reflexão sobre os temas relativos à ética e à cidadania, para estimular uma postura menos dogmática e mais flexível. Temos que esperar para ver em que medida esses esforços se refletirão na prática quotidiana, efetiva dos professores em sala de aula. Os parâmetros curriculares nacionais (PCN's) reconhecem que existe mesmo muito preconceito decorrente do valor atribuído às variedades padrão e ao estigma associado às variedades não padrão, consideradas inferiores ou erradas pela gramática. Para cumprir bem a função de ensinar a escrita e a língua padrão, a escola precisa livrar-se de vários mitos: o de que existe uma forma “correta” de falar, o de que a fala de uma região é melhor do que a de outras, o de que a fala “correta” é a que se aproxima da língua escrita, o de que brasileiro fala mal o português, o de que o português é uma língua difícil, o de que é preciso”consertar” a fala do aluno para evitar que ele escreva errado. Essas crenças produziram uma prática de mutilação cultural. O preconceito lingüístico, ao contrário dos demais preconceitos que sempre estão sendo atacados, continua, é aceito.

            Mas nos perguntamos: se já existe uma mudança de atitude como vimos nas políticas sociais de ensino, por que o círculo vicioso do preconceito lingüístico continua girando? Bagno através dessa pergunta tira a conclusão de que não existem somente três elementos no círculo vicioso, e sim quatro, chamados de comandos paragramatais. Os comandos paragramatais são todo esse arsenal de livros, manuais de redação de empresas jornalísticas, programas de rádio e de televisão, colunas de jornal e de revista, cd-roms, "consultórios gramaticais” por telefone e por aí a fora. O que eles poderiam representar de utilidade para quem tem dúvidas na hora de falar ou de escrever acaba se perdendo por trás desse preconceito que envolve essas manifestações da (multi)mídia. Essas manifestações só fazem perpetuar as velhas noções de que “brasileiro não sabe português” e de que “português é muito difícil.

              A metate deste capítulo é reservado por Marcos Bagno para citações e críticas aos  grandes perpetuadores desse preconceito lingüístico, como o professor Napoleão Mendes de Almeida, que era aclamado como “defensor intransigente da língua”, mas para ele existia os delinquentes da língua portuguesa. Marcos Bagno cita também  o livro “Não erre mais”, de Luiz Antonio Sacconi, que considera aqueles que não falam como a gramática prescreve como não conhecedores da sua própria língua e no seu livro não só encontramos preconceito lingüístico como preconceito social também (contra jornalistas,caminhoneiros,peões,italianos,segundo ele,perpetuadores dos “erros” da língua). Também encontramos outro exemplo dado por Marcos Bagno como autor de preconceito lingüístico, chamado Josué Machado que, além de escrever em diversas revistas,é também autor do livro “Manual da falta de estilo”. Josué se refere a língua que as pessoas utlizam como,erro tosco”,”ignorância”,”pecado”,ele sente-se mais autorizado a definir o “certo” e o “errado” do que os dicionaristas e gramáticos famosos, e novamente encontramos com o Josué Machado a ligação do preconceito lingüístico com o preconceito social em seu livro. O interessante em toda crítica feita por Marcos Bagno a esses seguidores da gramática tradicional, é que ele analisa o que eles diziam e explica o porquê de eles estarem equivocados, como  fez com o texto publicado no diário de Pernambuco por Squarisi,em que Squarisi chama todos aqueles que “erram” a língua de “caipiras”,”jecas-tatus” e ”matutos”.

              Por fim, os brasileiros, como falantes da língua portuguesa, não deveriam permitir que, por meio da mídia e de algumas pessoas de maior poder aquisitivo, o ser humano pudesse ser tão desvalorizado em sua principal condição: a de ser HUMANO social e Político.Nós somos a língua que falamos.




Mariane Pontes Frota

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